24 outubro 2010

18 outubro 2010

171010

uma saudade de alguém que não existe.
a falta que faço em mim, naufragada,
abandonada, trocada.
quando penso em telefonar nessas horas de
desespero na solidão escura, ainda retomo
o colo do ex território que afastei à carvão;
queimei o círculo todo ao redor e pus
para fora o que queria ser dentro e o que
deixei dentro escapou desculpado.
Sobrou aqui na ilha uma antena desfoque.
não ouço nada, não entendo, nada confirma.
É certo que há sangue por vir e então cessar
o choro movediço desses lençóis de força.
Mas enquanto nem fome, nem sono, nem
dinheiro, nem vontade, o vazio come o tempo
de valor pacato e alguma palavra se salva
da lava lacrimal para uma terra futura.
A calma grafia da cegueira sem tato,
desmoronando socorro ao organismo em
algarismos periódicos. CAPSULA.
A cada ponto final, um passo afasta. Estarei
segura nessa redoma perfurada
.



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13 outubro 2010

Eloy

Meus pensamentos são poeiras de tempo roçando a minha mente como os pés enamorando as folhas perdidas no colo da terra.


12 outubro 2010

sobre

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Quantos parágrafos encostam na realidade e pulsão?

Há arco que arrisque perder a íris de vista?


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10 outubro 2010

onde estou


Beba-me!







(clique na xícara)


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09 outubro 2010

uma fúria ronda

Sou uma assassina.
Sou assassina da vontade, do impulso, do despir.
Evito, aniquilo antes de cortar,
não vaza, abatuma, gangrena.
Sou uma assassina enquanto medrosa porta
fechada, unhas cortadas, maquiada,
esperando o sono vir, e o dia vir e o outro
e então passar...
Morrer consumido e frio sem ser visto.
Desconheço. Porque assassino antes.
MORRO DE MEDO DE MIM


08 outubro 2010

brilho

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origami

"Abençoai-nos, oh!, Número divino, vós que gerastes deuses e homens! Oh! Sagrado, sagrado tetraktys, vós que contendes a raiz e a fonte da criação eternamente em curso! Pois o divino número começa com a unidade profunda, pura, até que atinge o quatro sagrado; transforma-se então no sagrado dez, na mãe de todos, o que compreende tudo, o que abarca tudo, o primeiro a nascer, o que nunca se desvia, o que nunca se fatiga, o de tudo."
(1 + 2 + 3 + 4 = 10) Esta era a prece dos pitagóricos dirigida ao tetraktys, o quadrado sagrado, que representaria os quatro elementos, fogo, água, ar e terra.

"Número: a linguagem da ciência", Tobias Dantzig, páginas 47 e 48, Zahar Editores, 1970.

03 outubro 2010

o idiota

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todas as histórias são de amor
no fundo todas são.
mas teima e não alcança, não serena,
não sacia. é querer poder que nunca basta.

no meio da bagunça aqui
como se quando cai o azulejo tem cupim, fumaça.
dar sua única mão à ele que tem tantas atrás.

na hora do vidro, o risco zunindo vira um
esqueleto; era mesmo um fóssil debaixo dos
cartões, das composições. era mesmo só (você)

todas as verdades serão denúncia
no fundo tudo vão




para O Idiota de Dostoievski através de Nekrosius
em 16/09/10