24 setembro 2010

ever

Bato na porta
É a volta


Os olhos percorrendo
Essa casa de esquina


Vazia


Onde há tanto espaço

Em cada quarto


Que ali muitas vezes


Me perdi

Ali

Existe um de mim

Menino


Com olhos baixos

Olhando o chão

De uma paixão


Criança


Uma menina de tranças


Que roubou um beijo
De um garoto sem jeito

Há ali


Um de mim

Atirando pedras


Em um outro Eu

Culpado


Amarrado ao passado


Há um

Esperando a beira de si


Com o coração na mão

Por não saber a direção


Há um rezando

Em segredo


Enquanto outro lhe aponta o dedo

Rindo


Há um de mim sofrido

E outro louco


Um bicho solto

Caça


Uma criança


Que fugiu de um morto

Com meu rosto


Outro de mim

Com o rim exposto


Sangra


E em seu sangue

Um de mim


Sem cor


Planta uma flor na terra

Vermelha


E um de mim cego
Sob um telhado de céu

Canta com o chapéu à frente

Esperando uma moeda


Enquanto um outro

Serra a cela


Um Eu espera Ela


Na janela


E um outro com saudade

Curvando as costas

Vem me receber à porta









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