13 setembro 2010

02.03.10

Através da cortina laranja do ônibus o sol pintava as páginas do livro intensamente. As árvores causavam sombras intermitentes. Branco e laranja, branco quase preto e laranja piscando psicodélicos no livro às 8 da manhã. O ar condicionado nas dobras dos antebraços. O friso do sol luminoso na lente do óculos. Lilás ali fora, na lágrima da árvore em flor. O passageiro estar. Acomodo-me incômoda no movimento estofado, ar enfadonho de mofo e fumaça. Faço o favor de não quebrar o vidro. Resto a caminho. Tenho o efeito da luz nas mãos, a tela litúrgica, e posso escapar para dentro. Dentro do verde lá fora.. descalça sobre o nada desejo flutuar vazia de memória, como o raio sonolento e unânime em toda a cúpula do presente, em sua imobilidade mágica atravessando tudo. Beijo o lago e sou. multiplico. apenas o piscar é fatal. Mas nesse estado sonante sou zumbido de fôlego solar, esqueço a língua na boca mareada silente. Tenho um arco-íris nos cabelos, e movo-me.

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